Proposta 1
Proposta de produção de texto argumentativo nº 1
TEXTO 1
A violência contra a mulher é um sintoma trágico em uma sociedade em vias de destruir a democracia
Por Eva Alterman Blay, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
Post category:Eva Alterman Blay
https://jornal.usp.br/?p=796012
21/08/2024 - Publicado há 9 meses
Ao perceber uma situação de violência contra a mulher, deve-se enfrentá-la e interrompê-la para que não chegue a um feminicídio. Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada.
Essa é a mensagem principal da campanha Agosto Lilás, do Ministério das Mulheres. Indiscutível a importância dessa proposta de política pública, iniciativa que vem sanar o vácuo criado pelo governo anterior que desmanchou todas e quaisquer atividades feministas voltadas para evitar a violência contra mulheres e meninas.
Herdamos, no Brasil, um passado banhado de sangue. Por quase 500 anos prevaleceu o direito de matar impunemente homens e mulheres negros que ousavam se rebelar contra maus tratos de seus “proprietários”. Aos rebelados, a pena de morte. Não é de estranhar a cruel violência patriarcal herdada que prevalece até o presente e que se expandiu por todas as camadas da população.
(...)
Em meio a múltiplas demandas, ações contra a violência, o machismo, o assassinato de mulheres eram prioritárias. No imaginário social, havia um único caminho para as camadas populares e médias: recorrer às delegacias de polícia. Buscar um advogado era serviço aventado apenas pelas camadas ricas. Quando uma mulher era fortemente agredida por seu companheiro ou marido, a delegacia de polícia era, em última instância, a autoridade máxima. Desnecessário relatar que em geral, naquela instituição, as mulheres eram desconsideradas, os casos minimizados e elas eram e são ainda, por vezes, aconselhadas pelas “autoridades” a voltarem para casa e ficarem quietinhas. Ao criar a Delegacia da Mulher (1985), a expectativa era que fossem recebidas como pessoas com direitos, o que de fato ocorreu após muitos treinamentos. As profissionais destas delegacias, por sua vez, e por serem mulheres, tiveram múltiplas dificuldades para terem suas carreiras reconhecidas.
A partir da década de 1990, o Brasil assinou vários acordos internacionais que reconheciam os direitos humanos das mulheres, ampliando o campo da não violência. A lei Maria da Penha insere-se na articulação entre o movimento feminista brasileiro e o campo internacional, pois, lembremos, o agressor de Maria da Penha foi por duas vezes absolvido, até que o caso foi levado à Comissão Latino-Americana dos Direitos Humanos. Justiça seja feita a um grande grupo de feministas que se empenhou para que afinal Maria da Penha tivesse seu caso revisto. A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006, portanto, há 18 anos, mas durante esse período centenas de brasileiras foram assassinadas e meninas estupradas e mortas.
Atualmente, quando ameaçada de morte por companheiro, marido, ou outros homens com quem mantém relações afetivas, a mulher já não suporta mais e pressente o pior, ela recorre a um juiz para obter uma “medida protetiva”. Esse instrumento de proteção foi altamente procurado e encontrou apoio no Judiciário.
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Se quisermos tornar os comportamentos masculinos não violentos, não agressivos, não se pode esperar que cheguem à idade adulta. A orientação sobre igualdade de gênero deve se iniciar desde a primeira infância para meninos e meninas: educar e socializar com programas que destaquem a igualdade nas relações sociais de gênero, com respeito às diferenças – de classe, gênero, cor, etnia.
(...)
TEXTO 2
Número de feminicídios chega a 11 no DF em 5 meses
Dados da Secretaria de Segurança mostram que maioria das vítimas não registrou boletim de ocorrência contra agressor. Casos recentes aconteceram em Ceilândia e Samambaia.
Por Ana Lídia Araújo, g1 DF
19/05/2025 18h02 Atualizado há 2 dias
O Distrito Federal registrou 11 casos de feminicídio em 2025. Somente nas últimas 24 horas, duas mulheres foram mortas, uma em Samambaia e outra em Ceilândia (saiba mais abaixo).
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) — que contabiliza os crimes que ocorreram até 13 de maio — mostram que:
• Em 88,9% dos casos, as vítimas não haviam registrado ocorrência contra o agressor;
• 44,4% sofreram violência anterior ao feminicídio;
• A maioria dos assassinatos foi cometida com arma branca (44%), seguida de asfixia (22%), agressão física (22%) e arma de fogo (11%);
• Em 44% dos casos, o crime ocorreu dentro de casa;
• Em 55% dos feminicídios, a motivação foi ciúmes;
• Todas as vítimas eram mães.
Para a defensora pública Rafaela Ribeiro Mitre, chefe do Núcleo de Assistência Jurídica de Promoção e Defesa das Mulheres da Defensoria Pública do DF (DPDF), embora o feminicídio possa atingir mulheres de diferentes perfis, há um padrão comum: histórico de violência contínua, dependência emocional ou financeira e ausência de apoio.
"Os agressores costumam apresentar comportamento controlador, possessivo, histórico de violência doméstica anterior ou ciúmes excessivos. Além disso, as vítimas de feminicídio, em sua maioria, são mulheres negras e de baixa renda", diz a defensora.
Rafaela Ribeiro Mitre reforça que, ao perceber os primeiros sinais de abuso, como controle excessivo, ameaças ou agressões verbais e físicas, a mulher deve buscar ajuda imediatamente (veja detalhes mais abaixo, em "onde denunciar?").
"Você não está sozinha. Você não é culpada pela violência que sofreu. Denunciar é um ato de coragem. A Defensoria está pronta para te acolher, proteger e ajudar a reconstruir sua vida com respeito e responsabilidade. A sua vida importa", diz.
(...)
Onde denunciar?
• Pelo número 129 da Central de Atendimento da Defensoria Pública — com dígito exclusivo para atendimento de mulheres em situação de violência;
• Os Centros de Referência da Mulher dão suporte psicológico, orientação jurídica e acolhimento em uma delegacia de polícia, de preferência nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam);
• Pelo número 190 da Polícia Militar em caso de emergência;
• Pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil;
Pelo site da Ouvidora Nacional dos Direitos Humanos, do Governo Federal;
• Pelo número 180, que é gratuito.
COMANDO DE REDAÇÃO
A persistência da violência contra a mulher no Brasil evidencia entraves sociais, culturais e institucionais à efetivação da equidade de gênero.
Com base nessa ideia, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 20 a 30 linhas, apresentando causas, consequências e possíveis medidas para o enfrentamento da violência de gênero no país.
Utilize a Folha de Redação: imprima-a, produza em manuscrito seu texto, escaneie a folha e encaminhe-a ao e-mail celsil1950@gmail.com para correção e comentários.
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